segunda-feira, 21 de março de 2011

ECOS DO PEC E DO PREC

Segundo nota oficial o Conselho de Ministros aprovou o PEC IV, em reunião extraordinária, neste último domingo.
O que não deixa de ser notável, por duas ordens de razões:
- Quando se julgava que já não tínhamos Governo, eis que este, subitamente, num assomo típico de alguns moribundos, resolve reunir ao domingo;
- Só agora o Conselho de Ministros aprovou uma proposta que o Conselho Europeu já conhecia há vários dias, bem como a generalidade dos funcionários de Bruxelas, desde o Director-Geral até ao porteiro.
Ou seja: mais uma prova determinante da coerência de Sócrates, que nada disse ao Presidente da República, ainda menos ao Parlamento, ignorando os parceiros sociais e não maçando essa massa informe de portugueses (também conhecida por povo), que só servem para pagar impostos e votar de quando em vez, mas também manteve os seus próprios ministros na ignorância dos seus propósitos, sem prejuízo da maioria deles serem, já por si, inatamente ignorantes.
Porquê este secretismo e qual o simbolismo de reunir ao domingo quando houvera uma reunião do Conselho de Ministros na quinta-feira?
Só a História fará verdadeira justiça a personagem tão ilustre, este iluminado ser que ainda consente ser nosso Primeiro-Ministro, apesar da manifesta ingratidão com que os seus conterrâneos o tratam.
Que é um incompetente, um mentiroso, um demagogo e um homem sem instrução, bradam os seus detractores.
Mas Sócrates, como homem de soberba cultura, apenas repetiu o episódio de Egas Moniz: de corda ao pescoço apresentou-se aos senhores da Europa com mais um pacote de austeridade, sacrificando o povo português a essas divindades. Na verdade a corda é agora uma gravata, mas o acto simbólico de contrição é o mesmo – pedir a esmola e o perdão das potências europeias, para que estas fixem o nosso destino.
Fê-lo sozinho? E à socapa?
Não, foi em nome da Pátria que assim agiu!
Mas os mercados financeiros, pouco dados a comoverem-se com estes espectáculos, continuam a penalizar Portugal com taxas de juro exorbitantes.
Perseverante, Sócrates jura que não precisamos de ajuda externa.
Traz-nos, por isso, à memória a história do único cristão da aldeia que em face de chuvas diluvianas, enquanto esta ficava submersa pelas águas, orava a Deus para o salvar, recusando a ajuda de três aldeões que, sucessivamente, lhe ofereceram lugar num barco em que fugiam do inevitável afogamento.
Apesar de ser o único crente naquela aldeia foi o único que pereceu, por afogamento, pelo que não pode conter tal desabafo quando chegou à presença de Deus.
Este retorquiu, com serenidade:
- Mas, meu filho, eu enviei-te três barcos para te salvares e tu recusaste embarcar em quaisquer deles!
Perdoem estas divagações deste vosso humilde servo, que já torno ao assunto que nos ocupa – a reunião do Conselho de Ministros ao domingo.
O simbolismo deste dia semana, tradicionalmente destinado ao descanso, só pode ter um significado: o mais eloquente de todos os sermões é o exemplo.
Hoje falamos do PEC como em 1975 se falou do PREC. Nessa altura pediu-se um dia de trabalho pela Nação…
Temo que o PEC V nos obrigue a trabalhar ao domingo!
A não ser que, entretanto, Sócrates se afogue…



21 de Março de 2011

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